A clarificação é a etapa inicial de uma estação de tratamento de efluentes. É quando ocorre a remoção da maioria das partículas sólidas que compõe o líquido. Esta etapa é fundamental para muitos segmentos industriais e precisa ser bem ajustada conforme as suas necessidades específicas. Trata-se, basicamente, de alcalinização, coagulação e floculação e, em alguns casos, remoção de cor.
É possível descobrir as melhores dosagens, formas de aplicação, tempos de agitação e produtos adequados através do Jar Test, um equipamento que reproduz o que será feito na planta industrial.
Com um papel indicador universal, verifique qual o pH do efluente. Três situações podem ocorrer:
Se o efluente apresentar pH menor que 6,0 a alcalinização se fará necessária na maioria das vezes. O próximo produto, o coagulante, consome alcalinidade do meio e não consegue coagular em meios ácidos. O pH 7, ou seja, neutro, precisará ser analisado. Se as dosagens forem baixas (até 300 ppm) talvez não seja necessário usar um alcalinizante, porém, geralmente em dosagens maiores o consumo de alcalinidade aumenta e se faz necessário subir o pH. Os alcalinizantes mais comuns nas estações de tratamento são a cal e a soda.
Em alguns tipos de indústria, o pH do efluente inicia em valores maiores que 9. Neste caso, o uso de ácido poderá ser necessário para baixar este pH ao neutro. Algumas indústrias de laticínios possuem este perfil. Ácidos comuns para este fim são o ácido sulfúrico e o ácido clorídrico. É imprescindível que o produto que ajustará o pH fique por alguns minutos em contato com o efluente sob agitação eficiente para que as reações químicas ocorram e seja possível mais eficiência no tratamento.
Após o ajuste do pH, é hora de dosar o segundo produto: o coagulante. Coagulantes são aplicados na forma líquida e geralmente puros, sem a necessidade de diluições para a aplicação em planta. Esta etapa requer agitação eficiente que deve durar alguns minutos (de 3 a 7 minutos).
A escolha da dosagem é importante, pois a clarificação não será possível com dosagens abaixo do necessário ou com dosagens muito acima. Por sugestão, você pode iniciar os testes em laboratório com 100 ppm e ir verificando a remoção da turbidez visualmente ou com o auxílio de um turbidímetro.
Se o seu efluente possui cor, o uso de um removedor de cor se fará necessário. O seu uso é comum em efluentes de curtumes ou indústrias têxteis. Os removedores de cor
são produtos líquidos e por necessitarem de dosagens menores que os coagulantes, é comum na planta industrial o preparo de soluções de 10% a 50% de diluição antes da sua aplicação. No Jar Test diluições de 10% são usuais.
Após a ação do coagulante, você deverá aplicar este produto. Por se tratarem de reações químicas, ele também vai precisar de alguns minutos de agitação eficiente. A dosagem inicial para os testes vai variar conforme a intensidade da cor. Para os tons mais claros, você pode iniciar os testes em 10 ppm. Para tons mais escuros, entre 50 e 100 ppm de início.
ATENÇÃO
Se você passar da dosagem, o efluente voltará a ter a turbidez removida anteriormente pelo coagulante, e ficará com um aspecto leitoso.
Neste caso, inicie um novo jarro e reduza a dosagem!
Agora que o coagulante e o removedor de cor foram dosados, é hora de adicionar o floculante, ou também chamado de polímero. Por regra geral, os floculantes utilizados na clarificação são os aniônicos. É o momento de deixar as partículas sólidas grandes o suficiente para sedimentarem com velocidade adequada.
O polímero deve ser preparado previamente. A recomendação aqui é 1g de produto a cada litro, ou seja, uma solução a 0,1%.
As dosagens de polímeros praticadas para uma boa clarificação do efluente são bem menores, geralmente de 1 a 5 ppm. Neste caso, como a solução está a 0,1%, 1 mL equivale a 1 ppm para cada litro de efluente que se quer tratar.
Você vai precisar de um agitador para preparar a solução do polímero, conforme ilustração ao lado.
Para saber mais sobre a importância do preparo dos floculantes, acesso o conteúdo específico sobre este assunto em nosso site! |
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Para a adição do polímero diminua a agitação do Jar Test para uma rotação branda. Aqui não ocorrem reações químicas, apenas jogos de carga. É por este motivo que os flocos
formados são muito sensíveis ao movimento mecânico, e caso eles quebrem, sua formação só será possível adicionando-se a mesma dosagem de floculante.
Se o floculante não funcionar verifique o seguinte:
Após a adição do floculante, verifique como estão os flocos! Flocos pequenos significam a necessidade de aumento de dosagem. Em caso de excesso, o polímero poderá ficar na superfície do líquido ou então, formar flocos muito leves que vão demorar para sedimentar. Neste caso, reduza a dosagem.